a quenga



A rapariga guiou Hoshino para fora dos limites do santuário e entrou num motel nas proximidades. Encheu a banheira, despiu-se primeiro num único movimento sinuoso e depois tirou as roupas do rapaz. Já na banheira, a rapariga lavou-o meticulosamente, passou a língua por todo o seu corpo e depois se dedicou à felação com apuro e arte. Muito antes de pensar em qualquer coisa, Hoshino já tinha ejaculado.

- Caramba! nunca experimentei nada tão fantástico! - comentou o rapaz afundando lentamente na água quente.
- E isso é apenas o aperitivo - disse a rapariga. - O próximo passo é muito, mas muito mais fantástico.
- Mas gostei do aperitivo, realmente.
- A que ponto?
- A ponto de não conseguir pensar nem no passado, nem no futuro.
- "O presente puro é o inapreensível avanço do passado a roer o futuro. Para falar a verdade, toda percepção já é memória."

Hoshino ergueu a cabeça, e boquiaberto, fixou o olhar no rosto da rapariga.

- Que é isso? - perguntou.
- Henri Bergson - respondeu ela lambendo um resto de sêmen na ponta do pênis. - Maéraememóra.
- Não entendi.
- Matéria e memória. Nunca leu?



Hakuri Murakami

Kafka à beira mar